domingo, 4 de maio de 2014

O coveiro


Uma tarde de abril suave e pura 
Visitava eu somente ao derradeiro 
Lar; tinha ido ver a sepultura 
De um ente caro, amigo verdadeiro. 

Lá encontrei um pálido coveiro 
Com a cabeça para o chão pendida; 
Eu senti a minh’alma entristecida 
E interroguei-o: "Eterno companheiro 

Da morte, que matou-te o coração?" 

Ele apontou para uma cruz no chão, 
Ali jazia o seu amor primeiro! 

Depois, tomando a enxada gravemente, 

Balbuciou, sorrindo tristemente: 
                                         -"Ai! Foi por isso que me fiz coveiro!" 
Por: Augusto dos Anjos   
                     

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